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INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

Poucos setores estão tão expostos às transformações da nova era quanto a indústria automotiva. De um lado, as empresas tradicionais são ameaçadas pela entrada das gigantes de tecnologia no negócio, como Tesla, Google e Apple.

 

De outro, elas sofrem com as mudanças culturais. Se nos últimos 100 anos o carro foi objeto de desejo para diferentes gerações, agora ele é visto cada vez mais como um serviço e não como um bem privado. Em outras palavras: o jovem de hoje não sonha mais em ter uma máquina que dê orgulho ou desperte o prazer de dirigir, mas sim em usar o veículo apenas como instrumento de locomoção — e usando um aplicativo para ter acesso ao automóvel.

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Um estudo recente realizado pela consultoria KPMG mostrou o que está por vir. De acordo com o levantamento, o número de montadoras deve diminuir de maneira acentuada até 2030. Só vai sobreviver quem tiver a capacidade de se reinventar, o que nunca é fácil para companhias acostumadas a ciclos contínuos de crescimento sem precisar inovar muito.

 

“As montadoras, que implementaram um modelo de negócio consistente por 100 anos, estão atravessando um período de transformações sem precedentes”, disse, na ocasião do lançamento do estudo Ricardo Bacellar, líder do setor automotivo da KPMG. “Como a mobilidade pessoal é mais ampla do que o fornecimento de um veículo, muitas montadoras planejam se tornar prestadoras de serviços. O tempo para criar oportunidades está pressionando os líderes dessas empresas.”

MONTADORES CHINESAS E JAPONESAS X BYD E TESLA

No mundo das montadoras, uma pergunta tem chamado a atenção de especialistas e consumidores: como a BYD consegue fabricar carros elétricos com preços tão competitivos? 

 

Os gestores das montadoras, de fato, nunca estiveram tão pressionados. Projeções mostram que a indústria automobilística global deverá produzir 88,8 milhões de carros e caminhões leves em 2019. Se o número for confirmado, representará uma queda de quase 6% na comparação com 2018, de acordo com informações da consultoria IHS Markit. Ao que parece, o declínio será duradouro. No ano que vem, segundo estimativas da IHS, a previsão é de entregas globais de 78,9 milhões de veículos, o nível mais baixo desde 2015. A continuar nesse ritmo, em uma década o setor poderá fabricar menos de 50 milhões de unidades por ano, o que será devastador para a maioria das empresas.

 

 

A resposta está em uma revolução silenciosa que desafia os métodos tradicionais de produção de veículos, incluindo o consagrado modelo japonês de produção enxuta. Essa transformação não apenas impulsionou as empresas chinesas, como também provocou uma resposta das gigantes japonesas, que agora buscam se reinventar para manter sua relevância no mercado global.

Com recursos escassos, as montadoras japonesas, lideradas pela Toyota, desenvolveram um sistema inovador conhecido como produção enxuta.

Esse modelo se baseava em dois pilares: Just in Time, que eliminava estoques ao produzir peças somente quando necessário, e o Kaizen, que promovia melhorias contínuas nos processos.

Conforme explicou o canal Fórmula Turbo, “o modelo enxuto reduziu custos, aumentou a eficiência e trouxe qualidade excepcional aos veículos japoneses”, consolidando o país como líder no setor automotivo por décadas.

Entretanto, a transição para os veículos elétricos trouxe novos desafios que exigem estratégias diferentes.

A BYD e a produção verticalizada

Enquanto as montadoras japonesas se destacavam com seus métodos enxutos, empresas como a BYD mudaram o jogo ao adotar a produção verticalizada. Essa abordagem elimina intermediários e concentra a fabricação de componentes essenciais, como baterias e motores elétricos, dentro da própria empresa.

De acordo com o Fórmula Turbo, “a BYD controla todo o processo, desde a extração de matérias-primas até a entrega do veículo ao consumidor”, garantindo custos reduzidos e maior eficiência.

Além disso, a BYD possui fábricas de baterias e até navios próprios para transporte, o que reduz significativamente os gastos logísticos.

Esse modelo permitiu que a montadora chinesa desafiasse grandes players do mercado ao oferecer veículos elétricos mais acessíveis e com tecnologias de ponta.

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TESLA: INOVAÇÃO E AUTOMAÇÃO

A Tesla é outra empresa que adotou a produção verticalizada, mas com um diferencial: o uso de tecnologias altamente avançadas.

 

Com suas Gigafactories, a Tesla integra todas as etapas de produção em um ambiente automatizado.

 

 

Conforme apontado pelo canal Fórmula Turbo, “essas fábricas utilizam inteligência artificial e robótica para monitorar e ajustar cada fase do processo”, garantindo eficiência e personalização dos veículos.

Elon Musk, CEO da Tesla, acredita que controlar cada detalhe da produção é essencial para inovar rapidamente e atender às demandas de um mercado em constante evolução.

Esse controle total também permite à Tesla oferecer soluções inovadoras, como baterias mais duráveis e sistemas de direção autônoma.

O impacto no mercado global

A ascensão da produção verticalizada está redefinindo os padrões da indústria automotiva.

Enquanto o modelo enxuto oferece flexibilidade e redução de desperdícios, a produção verticalizada garante independência e maior controle de custos.

De acordo com especialistas, as montadoras que não se adaptarem a essas novas tendências podem perder relevância no mercado, especialmente com o avanço dos veículos elétricos.

As montadoras japonesas reagem

Diante desse cenário, empresas como Toyota, Nissan e Honda começaram a investir em pesquisa e desenvolvimento para integrar a automação e a produção de componentes essenciais.

Robôs e sistemas inteligentes já estão sendo incorporados em suas fábricas, combinando o modelo enxuto com as exigências do mercado moderno.

 

Conforme relatado pelo Fórmula Turbo, “as montadoras japonesas criaram centros de pesquisa para explorar tecnologias como inteligência artificial, robótica e fabricação de baterias próprias”, buscando competir com as gigantes chinesas e americanas.

Mesmo assim, a dúvida persiste: será que elas conseguirão acompanhar a velocidade e a eficiência das novas líderes do mercado?

O recuo da produção de veículos já afeta os níveis de emprego. De acordo com um levantamento realizado pela Bloomberg News, as montadoras estão prestes a cortar mais 80 mil postos de trabalho. Os cortes começaram. recentemente, as alemãs Daimler e Audi anunciaram cerca de 20 mil demissões, seguindo os passos das americanas General Motors, Ford e Nissan, que também promoveram demissões nos últimos meses.

 

“A indústria automobilística está passando pela maior transformação de sua história”, declarou a Daimler no comunicado para justificar os cortes. A empresa é uma das maiores empregadoras da Alemanha, sendo responsável por 140 mil postos de trabalho.Segundo Bernhard Mattes, presidente da poderosa Associação Alemã da Indústria Automotiva (VDA), uma das entidades de maior peso no país, o ritmo de cortes de empregos deverá ser “mais pronunciado em 2020”.

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Com a produção em queda e vendas menores, as montadoras são obrigadas a reagir. Apenas na Mercedes-Benz, o custo de pessoal chega a 13 bilhões de euros anuais. Em conferência de imprensa em Berlim, Mattes expôs sua preocupação. “Vivemos uma mudança estrutural com investimentos altos e deterioração da dinâmica de mercado”, declarou. “Muitas empresas sentem a tensão.” Gillian Davis, analista da Bloomberg Intelligence, aponta os fatores que criaram novas dificuldades para as montadoras.

 

“A persistente desaceleração nos mercados globais continuará impactando as margens e os lucros das montadoras”, disse o especialista. “Os lucros foram afetados pelo aumento dos gastos em pesquisa para o desenvolvimento da tecnologia de direção autônoma. Agora, muitas montadoras estão focadas em planos de corte de custos para evitar a erosão das margens.”

 

 É consenso entre os analistas da indústria automotiva que a onda de cortes no setor deverá se concentrar na Europa e nos Estados Unidos. Em muitos países emergentes, o cenário é oposto. No Brasil, a retomada econômica ancorada no aumento do consumo já começa a trazer sinais positivos.

De acordo com a consultoria Bright Consulting, o mercado brasileiro deverá encerrar 2019 com 2,66 milhões de veículos leves emplacados, um crescimento de 7,7% na comparação com 2018. Em dezembro, a média de vendas diárias está na casa das 12 mil unidades, recorde para o setor. Em 2020, a Bright espera que sejam vendidos 2,85 milhões de automóveis no Brasil, resultado que confirmaria que o país está muito longe de replicar a crise das nações ricas. A indústria automotiva está entrando na era dos veículos movidos a eletricidade. Nos últimos dois anos, uma onda de investimentos foi anunciada por praticamente todas as grandes montadoras globais.

 

A mais recente deles partiu da Volkswagen Caminhões e Ônibus, que irá desembolsar R$ 110 milhões na fábrica de Resende, no Rio de Janeiro, para começar a montar caminhões elétricos em 2020. Segundo Roberto Cortes, presidente da VWCO, o aporte integra o ciclo atual de investimentos da empresa, estimado em R$ 1,5 bilhão no país até 2021. O executivo afirma que os valores serão utilizados na pesquisa, desenvolvimento e lançamento de veículos. Em um primeiro momento, a VWCO utilizará a família Delivery para a produção de caminhões elétricos. Além disso, a empresa estuda a produção do ônibus híbrido e-Flex, ainda sem data para estrear no mercado brasileiro. “Infelizmente, não é possível fazer tudo ao mesmo tempo”, justificou Cortes sobre a produção no Brasil do ônibus e-Flex da Volks. “A nossa prioridade é lançar caminhões elétricos de 9, 11 e 13 toneladas.”

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INOVAÇÃO NO BRASIL

O papel da inovação no Brasil

O impacto dessas mudanças também está sendo sentido no Brasil, onde marcas como BYD e Tesla estão ampliando suas operações.

A BYD, por exemplo, já anunciou investimentos para instalar fábricas de baterias no país, aproveitando o mercado emergente de veículos elétricos.

Enquanto isso, montadoras tradicionais, como Toyota e Honda, estão buscando modernizar suas linhas de montagem para se manterem competitivas no cenário global. Essas iniciativas podem gerar empregos, estimular a economia local e acelerar a transição para uma frota mais sustentável.

 

Qual o futuro da indústria automotiva?

 

A disputa entre produção enxuta e verticalizada está longe de acabar, mas uma coisa é certa: a inovação será o diferencial para as montadoras se destacarem no mercado global.

 

 

Seja através da automação, seja pela independência no fornecimento de componentes, as empresas que investirem em tecnologia e eficiência estarão mais preparadas para os desafios do futuro. Enquanto isso, consumidores em todo o mundo continuarão a se beneficiar da competição acirrada entre essas gigantes da indústria.

Você acredita que a produção verticalizada será o padrão global no futuro, ou o modelo enxuto ainda tem espaço para evoluir e surpreender?

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